domingo, 5 de dezembro de 2010

INCONSCIENTE

Segundo a psicanálise o Inconsciente é uma instância psíquica especial na qual todo o organismo humano se constitui a partir dela, esta contendo as pulsões ou o material, o substrato psíquico para a constituição do sujeito, como o criador do método aludiu a um caos ou uma caldeira cheia de pulsões em ebulição. Segundo o conceito de inconsciente de Freud ele é visto de três formas: descritivo, sistemático e dinâmico. O descritivo seria, segundo Caropreso (2008) “para designar um fato psíquico que, mesmo não estando presente na consciência ou não sendo percebido conscientemente, continue presente na vida mental. Esse é o sentido mais geral que pode ser atribuído ao termo 'inconsciente', e ele pode ser legitimamente utilizado desde que se admita que, na ausência da consciência, as representações podem preservar a sua condição de fatos psíquicos”.  Quanto ao sistemático ele era o característica mais importante para o fundador da psicanálise, pois este explicitava o modo de ser, ou melhor, o modo de operar com o inconsciente e a forma mais adequada de acessá-lo, sendo este modo o vulgo “retorno do recalcado”. O terceiro inconsciente ou qualidade, é o dinâmico, “o termo 'inconsciente' designaria pensamentos e representações que, apesar de sua intensidade e de sua capacidade de ação eficiente, permaneceriam afastados da consciência, insuscetíveis de se tornarem conscientes” como nos auxilia Caropreso (2008).
Destarte percebe-se que o inconsciente freudiano existe sob a égide de um sistema ímpar, no qual há pistas para acessá-lo e cujo efeito de suas conseqüências reverbera por todo o organismo humano, psíquico e somático. Até aqui não há grande diferença entre este conceito de Inconsciente e o de Jung, no entanto a principal diferença é quanto à qualidade coletiva que este autor designa ao material da psique, como nos auxilia Silveira (1997) “corresponde às camadas mais profundas do inconsciente, aos fundamentos estruturais da psique coletiva a todos os homens”. Desta forma, percebe-se um compartilhamento de impressões coletivas que não existe na obra de Freud, sendo os símbolos a matéria prima de trabalho de Jung para provar o compartilhamento do que ele chamou de arquétipo. Segundo a autora Silveira(1997):
Do mesmo modo que o corpo humano apresenta uma anatomia comum, sempre a mesma, apesar de todas as diferenças raciais, assim também a psique possui um substrato comum. Chamei a esse substrato inconsciente coletivo. Na qualidade de herança comum transcende todas as diferenças de cultura e de atitudes conscientes, e não consiste meramente em conteúdos capazes de se tornarem conscientes, mas em disposições latentes para reações idênticas.
Desta forma fica clara a diferença entre a noção de inconsciente entre os autores Freud e Jung, sendo que para este último o material constituinte do inconsciente é rica em história, não apenas um material libidinal sob a égide da pulsão sexual e seus desdobramentos.


Referências
CAROPRESO, Fátima e SIMANKE Richard. Uma reconstituição da estratégia freudiana para a justificação do inconsciente. Ágora (Rio J.) v.11 n.1 Rio de Janeiro jan./jun. 2008; e
SILVEIRA, Nise. Jung: vida e obra – 16’ ed.rev.- Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1997.

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