domingo, 5 de dezembro de 2010

MECANISMOS DE DEFESA

Mecanismos de defesa, como nos diz Kusnetzoff (1982) é um grupo de barreiras organizadas contra as estimulações pulsionais e externas que afetam a psique, fazendo com que o aparelho permaneça no princípio da realidade e expulse da consciência aquilo que venha a ferir o seu narcisismo. O autor nos lembra que esta função é exercida, em grande parte pelo EGO, a parte inconsciente deste, pois a maior parte das defesas opera inconscientemente, remetendo-nos a idéia de um aparelho psíquico cindido. Sendo o conflito psíquico a base fundamental do exercício defensivo.
De acordo com o autor, ele elenca alguns mecanismos de defesa, tais quais: Recalque, Projeção, Deslocamento, Regressão parcial, Introjeção, Isolamento, Inibição, Formação Reativa, Sublimação, Negação e Identificação Projetiva. Cujos significados individuais explanaremos em tópicos, de maneira que, o trabalho torne-se mais didático.
Recalque: Foi o primeiro grande mecanismo investigado pelo autor da Psicanálise, dando um papel primordial a este mecanismo na elaboração das neuroses, definindo-o como um ato de despejo do nível consciente da representação ligada à pulsão, sendo um verdadeiro esforço na tentativa de manter no inconsciente aquela, ocasionando os “esquecimentos” dos neuróticos.
Projeção: É a atribuição a objetos externos características que o sujeito desconhece em si mesmo. Sendo estes inanimados ou animados. Sendo este mecanismo de defesa muito comum nos casos de paranóia, como nos elucida Freud (1895. p. 286) “Portanto o propósito da paranóia é rechaçar uma idéia que é incompatível com o Ego, projetando seu conteúdo no mundo externo”. Em outra obra Freud (1911. p. 89) retoma o tema da projeção dizendo “Uma percepção interna é suprimida e, ao invés, seu conteúdo, após sofrer certo tipo de deformação, ingressa na consciência sob a forma de percepção externa”.
Deslocamento: Consiste em ato de transladar características ou atributos de um determinado objeto, comumente, diz-se transferidas a outros objetos que estão articulados ao primeiro por um ou mais elementos comuns (por analogia ou contigüidade). Sendo as fobias o campo de estudo mais proeminente do mecanismo de deslocamento.
Regressão Parcial: É a reativação de antigas condutas que, evolutivamente, têm sido superadas pelo sujeito. É ativado toda vez que o sujeito apresenta um conflito que não consegue resolver, trazendo à tona o modo como as organizações primitivas do sujeito se determinaram. Como nos salienta Kusnetzoff (1982. p. 215) “Mas o que nos interessa é a regressão a diversos pontos do desenvolvimento, pontos que chamamos de fixação, em redor do qual se organizam determinadas estruturas psicopatológicas”.
Introjeção: Mecanismo originalmente descrito por Ferencz, como nos argumenta Kusnetzoff (1982) que consiste na assimilação de características, atributos ou qualidades de um objeto exterior, por parte do sujeito. No processo de luto há uma forte introjeção pelo sujeito de determinadas características do objeto perdido, principalmente aos que conduzem à melancolia.
Isolamento: Consiste em evitar a contaminação por meio do contato com o objeto perigoso. Comprometendo a possibilidade de tocar a representação mental ligada ao afeto desagradável que seria desencadeado ao mero toque do objeto.
Inibição: É um déficit parcial ou total de determinada função egóica.
Formação Reativa: Leva o sujeito a efetuar ou ter uma conduta totalmente oposta àquilo inconsciente que se quer rejeitar.
Sublimação: O processo de sublimação implica num abandono do objetivo original da pulsão. Mas esta escolhendo uma nova finalidade, havendo uma conciliação entre as exigências do Superego com as do Inconsciente, sob o comando do princípio da realidade. Destarte haver certo desejo por este tipo de mecanismo, pois seria ele, originariamente, responsável pela atividade artística e a investigação intelectual, como nos salienta Kusnetzoff (1982).
Negação: Também conhecida como Denegação, consistindo no uso da língua falada da partícula ‘não’. Sendo admitido um determinado conteúdo recalcado na consciência, mas com a condição de negá-lo. Rejeição daquilo que, simultaneamente, admite-se.
Identificação Projetiva: Mecanismo de defesa descrito por Melanie Klein, no qual o sujeito se introduz, parcial ou totalmente, no interior do objeto, com a finalidade, dentre outras de, possuí-lo, feri-lo e controlá-lo. Sendo esse mecanismo de defesa muito comum nas organizações psicóticas.
BIBLIOGRAFIA
Freud, Sigmund. Rascunho H – Paranóia. Standart Brasileira, vol. I, 1895;
_____________. Notas Psicanalíticas sobre um relatoautobiográfico de um caso de Paranóia. Standart Brasileira, vol. XII, 1911;
KUSNETZOFF, Juan Carlos. Introdução à Psicopatologia Psicanalítica. Ed.: Nova Fronteira. Coleção: Logos. Ano: 1982 - 11ª Impressão;

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